Companheiros na Fé.
Nos últimos dez anos, eu tenho estado a trabalhar em Madagáscar. O meu objectivo principal foi de trazer os costumes tradicionais de Mangal na esfera da cultura Cristã. Em 2005, pela primeira vez, durante a Santa Missa, eu abençoei um rei, e por esta bênção, ele passou a fazer parte da comunidade Cristã. Até agora, eu já abençoei 13 reis.
Na aldeia onde eu vivo, vivem duas tribos: Ankatafana e Antemoro. Embora a primeira seja muito tradicional, eu fui capaz de abençoar três reis de acordo com o novo ritual. Agora, estes três reis têm grandes responsabilidades. Eles têm que viver de acordo com a nova religião dentro do seu próprio povo que não é Cristão.
Para acolher um rei à fé Cristã é muito difícil, por isso, é muito importante ajudar os meus reis a crescer na sua própria fé. É muito importante apoiá-los, para que possam ter força e coragem suficiente para permaneceram fiéis e não rejeitarem as suas obrigações. Não é nada fácil andar contra a corrente ou de ceder à pressão tribal. Por algum tempo, eu tenho tentado aproximá-los para o culto de oração, para que possam partilhar uns com os outros as suas experiências e dificuldades de serem um rei Cristão.
Então inesperadamente, uma oportunidade surgiu. O Rei Marcelo da aldeia de Ankatafana concordou em ser abençoado depois de muito tempo de hesitação. Desta vez foi fácil, ele já tinha sido um Católico praticante desde a sua infância. Ele pertence à tribo Antemoro, uma tribo menos conservadora e a sua irmã é uma Católica muito activa e líder do grupo carismático. No seu clã depois que seu pai faleceu, o filho mais velho não aceitou a posição de ser cabeça de casal do clã, mas preferiu desempenhar o papel de guardião do clã.
DÉCIMO TERCEIRO REI
O Marcelo tornou-se no décimo terceiro rei a ser abençoado por mim. Eu mandei convite para doze reis que tinham sido anteriormente abençoados de acordo com o ritual novo: Quatro da aldeia de Ampasimbala – tribo de Antemoro. Dois da aldeia de Ampadima – tribo de Antemoro. Três da aldeia de Tanandava – tribo de Antambahoka. Um de Mahavoky III – da tribo Betsimisaraka. Um da aldeia Marohita – tribo de Ranomena. Um da aldeia de Marofototra – tribo de Betsimisaraka.
A distância da minha aldeia, que se chama Ankatafana a Mananjara é de apenas três milhas. Duas destas milhas passam ao longo do Oceano Índico. Esta aldeia está localizada na foz onde o rio se junta ao Oceano Índico. É na verdade uma localidade muito bonita, mas muitas vezes é atingida por ciclones e, em seguida, o rio transborda, inundando quilómetros de terreno. Isto é muito duro na vida das pessoas, mas os pescadores já estão acostumados a lidar com esta situação.
O SIGNIFICADO CRISTÃO DOS VELHOS RITUAIS
Depois da homília, o ritual da bênção começou. O Rei Marcelo dedicou-se a Cristo o Rei. Recebendo a bênção especial que lhe foi concedida pelo sacerdote, então lhe foi dada as vestes vermelhas e a insígnia real, bastões e chapéus tradicionais. Eu estava tentando aplicar o significado Cristão nos velhos rituais tradicionais.
Após a cerimónia da bênção do Rei Marcelo, todos os presentes saíram da capela. Debaixo de uma palmeira, se encontrava um búfalo muito atractivo e gordo e que estava pronto para ser benzido e abatido. O novo Rei Marcelo não o ofereceu como um sacrifício, como a tradição antiga manda, em vez o abençoou três vezes em nome da Santíssima Trindade e tocou o búfalo três vezes com bastão real. Regressamos à capela e continuamos com a celebração da Santa Missa. O símbolo do sacrifício antigo foi realizado e alterado fora da capela, e agora nós entramos no novo sacrifício de Cristo o Rei. Em todas estas cerimónias, a procissão das oferendas realizada pelos reis Mangal expressa um sentido muito profundo: cruz, cálice, pão, água e vinho, os símbolos do novo sacrifício oferecido pelos reis Mangal, como um sinal de obediência ao novo sacrifício de Cristo, Deus e homem. Na verdade, esta cerimónia foi muito comovente. Eu estava consciente de que eu estava aqui só como um instrumento.
O Espírito Santo tem feito aqui o que era impossível há alguns anos atrás. Antes da Santa Missa terminar, o búfalo estava preparado e pronto para a refeição festiva. Para a cabana do padre foram convidados todos os reis e personalidades da área. A cabana estava lotada e os convidados estavam todos sentados no chão.
Não tínhamos colheres suficientes, então nos servimos com folhas. Havia arroz e carne suficiente, estavam todos contentes e satisfeitos.
De acordo com as tradições Mangal, eu tive que dar a cada rei um presente - um sinal de respeito e de gratidão. Existem muitos destes rituais e símbolos. É dispendioso, mas valeu a pena.
No fim da tarde, a chuva caia a potes.
Pe. Zdzislaw Grad, SVD